Como a compulsão alimentar ocorre?

"Eu simplesmente não consigo parar de comer. Fico nervoso, como. Fico ansioso, como. Fico carente, mesma coisa. Tudo é motivo pra descontar na comida, a qualquer hora do dia".

Esse é um depoimento de uma pessoa que, como a maioria de nós, em algum momento perdeu a relação intuitiva que tinha com a alimentação. A gente nasce com ela, mas costumamos perdê-la rapidamente nos processos de socialização.

Por isso, comer é fundamentalmente uma habilidade a ser construída - algo que podemos desenvolver e aprender diariamente. Infelizmente, com o passar dos anos, esta construção de uma alimentação intuitiva se perde e dá espaço para a compulsão alimentar.

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As origens da compulsão alimentar

Desde pequenos, somos bombardeados com normas, padrões e ideias que nos afastam desse comer intuitivo, dessa escuta do nosso próprio corpo e das nossas necessidades concretas. Comer passa a ser algo mais psicológico do que físico. Mais próximo do consumo do que de uma necessidade real e de um prazer consciente.

A compulsão alimentar não vem de uma fome física, mas de uma vontade incontrolável e inexplicável de comer. Geralmente está associada a quadros de ansiedade e depressão. E, como toda forma de compulsão (de sexo ou compras, por exemplo), ela dá a ilusão de preencher buracos emocionais e psicológicos que nos afligem.

Entender a raiz da compulsão alimentar é importante para o seu tratamento

Entrar em dietas restritivas ou acreditar no mito da "força de vontade" só te deixam ainda mais sem saída, porque as chances de frustração são grandes. Assim como achar que o problema é físico, e não emocional e psicológico.

Cada caso é um caso, mas eu te digo: a solução mais efetiva é procurar ajuda. Não guarde esse peso pra você. Fale sobre isso com alguém de sua confiança. Procure grupos de apoio. Busque ajuda profissional (nutricionistas, psicólogos e psiquiatras especializados). Se permita ser cuidado e ouvido.

Só assim você pode chegar à raiz do problema e cortar ela de maneira sábia e consciente. Nosso corpo é sábio demais. A gente que desaprende a ouvi-lo com o tempo. Mas podemos recuperar essa relação íntima com o nosso corpo, nossas necessidades alimentares e também emocionais. Para isso, se dê a chance de ser verdadeiramente compreendido.