Tabus sobre transtornos alimentares

"Eu que fiz isso comigo". Essa frase cheia de culpa e dor não é rara em pacientes que sofrem de algum transtorno alimentar. Tem tantos tabus e preconceitos diante desse tema que muitas pessoas passam a se culpabilizar por estarem vivendo essa condição de saúde.

Uma coisa importante de ter em mente é: transtornos alimentares não são doenças "individuais" - são sociais e coletivas. Há tempos, a nossa sociedade está doente, e vem impondo inúmeros padrões corporais através da cultura e da mídia que nos atingem das mais variadas formas. Por isso, precisamos descontruir cada vez mais os transtornos alimentares.

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Os sentimentos de quem enfrenta os transtornos alimentares

Por que não falamos tanto de transtornos alimentares como falamos de outras doenças? Por que as pessoas com transtornos alimentares enfrentam essa condição quase sempre de maneira solitária e silenciosa? E por que elas hesitam em buscar ajuda? Ou pior, se negam a isso?

A culpa, a vergonha, o medo de ser julgado e os estereótipos estigmatizados associados a transtornos alimentares são algumas das causas pelas quais as pessoas escondem essas doenças até para elas mesmas, e atribuem um status "menos importante" a elas.

"Vai passar quando eu quiser,", "Isso é doença de rico", "Isso é coisa de modelo", "É doença de mulher", "Com certeza só afeta pessoas gordas" - essas são apenas algumas das frases/ideias falsas que prestam um grande desserviço e não devem ser ditas quando se fala em transtorno alimentar.

Afinal, qual é saída para o transtorno alimentar?

O caminho para a melhora e a cura não está no silêncio, tampouco nesses clichês falsos e perigosos que ouvimos por aí. O caminho para enfrentar os transtornos alimentares começa com o autorreconhecimento da pessoa que porta esse transtorno, e também do diálogo, da pesquisa, do acolhimento profissional.

É preciso acabar com a ideia de que os transtornos alimentares são uma fantasia ou uma doença de "gênero" ou "classe". São barreiras reais e concretas capazes de atingir qualquer pessoa, mas que podem ser superados.

Se é uma condição de saúde coletiva, vamos atacá-la também coletivamente, através da conversa e do fim do tabu sobre esse tema. Você tem dentro de si uma potência incrível para superar esse obstáculo. Mas grite, fale sobre isso, peça ajuda, se permita ser ajudado. O que não podemos fazer é aceitar o sofrimento e ficar calados sobre ele.