Os desejos estranhos alimentares e o Transtorno Picamalácia

Atualmente, está em cartaz nos cinemas brasileiros o filme “Crimes do Futuro’, do diretor David Cronenberg, aborda um futuro distópico no qual o corpo humano está passando por várias transformações - incluindo a produção de novos órgãos e, por consequência, em diferentes hábitos culturais e alimentares.

Em Crimes do Futuro, diversas reflexões são colocadas em questão. Podemos induzir, com base nos comportamentos dos personagens em seus dilema, como exemplo o questionamento sobre os limites dos padrões de beleza na era de redes sociais, espelhos biométricos, ânsia por relevância diante da opinião do outro, entre outros debates.

Quando a arte imita a vida real

A arte tem um papel importante para nos fazer refletir sobre nós e nosso entorno - e se inspira, também, em questões da realidade. E uma das questões do filme é que uma personagem se choca com o fato de outro ter o hábito de comer plástico.

Muita gente não sabe, mas existe um transtorno alimentar chamado Pica (também conhecido como malácia ou aliotriofagia). As pessoas que convivem com esse TA costumam ingerir substâncias que não são alimentos, como tijolo, terra, pedra, sabonete, giz, entre outros.

Conhecendo Transtorno Alimentar Pica

No Transtorno de Pica, o desejo/hábito acaba gerando uma dinâmica de sofrimento físico e emocional pois, além do estigma social, também está atrelado ao desenvolvimento de vários problemas físicos, uma vez que pode estar atrelada a condições como constipação, intoxicações, infecções, entre outras.

O diagnóstico desse transtorno começa a ser traçado a partir da observação de um padrão que permanece após os dois anos de idade, já que, na infância, é comum que as crianças coloquem objetos e vários tipos de substâncias na boca e, muitas vezes, as ingiram.

É preciso reforçar que a simples curiosidade de experimentar, muito comum principalmente em crianças, não é um problema em si.

Como abordar o Transtorno Alimentar

Um transtorno alimentar é caracterizado também pela repetição do padrão. Ao identificar tendências que podem indicar o Pica (em você ou no outro), não utilize uma abordagem culpabilizadora ou estigmatizante.

A pior coisa é se sentir ou fazer o outro se perceber como equivocado/deslocado. Buscar ajuda profissional é o primeiro passo para a recuperação - que, sim, é possível!