Gordofobia nos atendimentos de saúde

A saúde, assim como todas as áreas de conhecimento, não está apartada da cultura. Pelo contrário, é parte dela e, em muitas medidas, tem um papel importante na consolidação de algumas ideias no imaginário coletivo. No que diz respeito ao peso, por exemplo, são recorrentes as pesquisas, falas e comportamentos gordofóbicos por parte deste campo.

Esse pensamento é reforçado em várias frentes: das universidades às escolas de saúde, das entrevistas para veículos de comunicação às postagens nas redes sociais, passando ainda pelos consultórios. Assim, o que eram para ser espaços seguros de atendimento acabam se transformando em ambientes em que a gordofobia fala mais alto.

Pessoas gordas e a insegurança nos espaços de atendimento

Os espaços de atendimento, que deveriam ser locais seguros para os pacientes, por vezes acabam se tornando gatilhos, com o reforço de estereótipos, prescrição de medicamentos e de dietas restritivas que põem em risco a integridade física e mental da pessoa, entre outros comportamentos gordofóbicos.

E o que isso gera? Primeiro, uma ideia errônea de que nutrição e cuidado humanizado não podem andar juntos. Como se comer precisasse estar associado ao sofrimento, a um padrão corporal imutável.

Segundo, que a saúde não tem nuances e que todo mundo é igual. Ora, cada corpo tem as suas especificidades, cada pessoa é um universo particular, então qual a razão de ignorar isso e submeter os pacientes a práticas que podem, ao invés de ajudar, acabar sendo nocivas para eles?

humanização nos atendimento de saúde

Como profissionais da saúde, precisamos estar atentos ao preceito do cuidado com o outro e tudo que isso implica, para além de ver o corpo como uma máquina. Há ali sempre uma pessoa, com suas histórias, medos e alegrias.

É importante que a mudança de perspectiva em relação à saúde e ao corpo seja multidisciplinar e conte com o engajamento de toda a comunidade.

Não podemos exigir só da mídia, da públicidade ou do mercado que parem de bombardear as pessoas com o terrorismo alimentar e a gordofobia. Profissionais da saúde também precisam se engajar nessa luta, acolher seus pacientes, propor novas formas de cuidado. É preciso que estejamos atentos e fortes, pois essa é uma luta diária. Juntos, podemos vencê-la.

Rompendo comportamentos antigos

Precisamos atentar às formas como nos comunicamos para que, assim, nossa sociedade seja de fato inclusiva e para que as pessoas não sejam mais julgadas por ter medidas diferentes do considerado padrão. Aliás, já está na hora de abolirmos esse conceito em todos os lugares. Começando pelos espaços da saúde :)