A alimentação intuitiva ao longo do tempo
Venho pensando bastante em pessoas idosas e na relação delas com a alimentação na atualidade. Me pergunto quantas transformações elas testemunharam ao longo da vida em relação à cultura alimentar e como elas se adaptaram - ou resistiram - a elas.
A indústria bilionária dos ultraprocessados e congelados adquiriu uma hegemonia que parece incontornável. Ela transformou nossa alimentação radicalmente e nos tornou reféns de muito terrorismo criado em cima disso tudo.
Para a maior parte dos idosos de hoje, o comer intuitivo sempre foi uma realidade natural. O prazer de comer e a consciência dos alimentos como fonte de "sustância" eram prioridades em suas escolhas alimentares. Os alimentos não eram inimigos, mas parceiros de uma vida ativa e saudável.
Transformações da alimentação intuitiva
Arroz, feijão, salada, carne, frango, massas, macaxeira, tapioca, bolos, sopas, sobremesas... tudo fazia sentido na rotina dessas pessoas. Não eram alimentos pensados a partir de uma lógica matemática de dietas, mas a partir do prazer, do bem-estar e da "sustância" que podiam proporcionar.
Hoje em dia, essas pessoas, que testemunharam tantas transformações e momentos de dificuldade para o país, ainda precisam lidar com a crise econômica e social que está transformando esses alimentos básicos em artigos de luxo.
Essa situação gravíssima, junto à cultura das dietas e dos alimentos "fáceis" e "rápidos", dificulta que a alimentação intuitiva ganhe maior destaque. Afinal, são justamente essa "culpa" e esses padrões corporais e estéticos loucos que continuam a abastecer essas indústrias.
Comer intuitivo e seus benefícios
O comer intuitivo é uma prática transformadora em qualquer idade. Ele é, sobretudo, respaldado pela ciência (em tempos de negacionismo científico, é importante ressaltar isso). Temos muito a aprender com os idosos - com suas histórias, dificuldades e experiência.
E, sim, cada organismo funciona de um jeito. Nem sempre todos os alimentos funcionam e fazem bem para todas as pessoas. Por isso, ter acompanhamento profissional é fundamental. Afinal, para ser libertadora, a alimentação intuitiva precisa ser antes de tudo consciente.