Quanto custa o nosso bem-estar?
“Nosso tempo é especialista em produzir ausências: do sentido de viver em sociedade, do próprio sentido da experiência da vida. Isso gera uma intolerância muito grande com relação a quem ainda é capaz de experimentar o prazer de estar vivo, de dançar e de cantar.”
Tenho pensado muito sobre o bem-estar e sobre a saúde. Esses dois conceitos, tão falados na contemporaneidade, parecem estar sendo usados cada vez mais como mercadorias. É como se, para estar "bem" e "saudável", a gente precisasse sempre consumir. E, assim, vamos criando constantes vazios que precisam ser preenchidos pelas aparências, por objetos ou mesmo por ideias do que deveríamos ser, ao invés do que somos. Por isso, essas palavras de Ailton Krenak me soam ainda mais revolucionárias.
O que, afinal, é bem-estar? É "só" uma coisa? Existe apenas uma forma de atingi-lo? Por que cada vez mais a gente tenta se adequar aos moldes sociais, ao invés de incentivar que cada um encontre aquilo que lhe faz bem? São perguntas difíceis de responder, até porque a vida é complexa e estamos inseridos em uma sociedade do consumo. É errado ou ruim consumir? De forma alguma. Mas, como estamos fazendo nossas escolhas? Buscamos aquilo que realmente queremos ou adquirimos o que nos fazem achar que desejamos?
O bem-estar tem várias facetas. Pode ser preparar aquela comida que te dá conforto, assistir a um filme, conversar com os amigos, meditar, se exercitar, ficar de pernas para o ar na cama, sem compromissos; pode ser chorar, quando o coração aperta; rir, quando a gente perceber que muito do que nos aflige pode ser tratado com mais leveza. É honrar aquilo que sentimos e construir, diariamente, formas de nos aproximarmos dos nossos sentimentos.
Pensar o bem-estar é, também, pensar no coletivo. Espaços públicos com áreas verdes, segurança nas cidades; cultura e serviços de saúde funcionando, transporte que não demore uma eternidade para levar as pessoas ao trabalho. Garantir que, viver, seja mais do que pagar contas. É um esforço diário por uma sociedade mais justa.