Perigos da produtividade destrutiva
Você já percebeu que as ordens pra que a gente seja produtivo vem de todos os lados? Vem do trabalho, da saúde, do lazer, da alimentação e até mesmo da nossa vida afetiva. Parece que tá todo mundo ligado no 220, esperando que a gente tire sempre o maior e melhor proveito de todas as situações possíveis.
Tem gente que até pra tarefas como tomar banho ou cozinhar sente a necessidade de "estar produzindo", mesmo que isso signifique ouvir um podcast ou assistir a um episódio de uma série. Quando nem isso é o suficiente, apertam aquele botãozinho de acelerar áudios e vídeos (agora tem até em áudios do Whatsapp). Não há descanso. Tudo está modelado para nossa máxima produtividade.
Quando a produtividade se torna destrutiva
Nesse contexto capitalista da pá-virada que a gente vive, dedicar tempo ao ócio, ao não fazer nada, ao não produzir, é um dos atos mais revolucionários e subversivos que a gente pode fazer. Eu também diria que é um dos maiores atos de carinho a nós mesmos e ao nosso bem-estar.
Não se trata de jogar pro ar todos os afazeres e responsabilidades - até porque pouquíssimos poderiam se dar a esse luxo sem sofrer penalidades. Em outras palavras, não é uma questão de se tornar improdutivo. Eu diria que se trata de aderir à lógica de uma produtividade realmente produtiva, aquela estritamente indispensável, e necessariamente jogar fora a ideia de uma produtividade destrutiva e compulsiva.
Combatendo a produtividade destrutiva
Pra que isso seja possível, a gente tem que arrumar estratégias que valorizem a nossa qualidade de vida. A questão aqui é olhar para dentro, entender nossas demandas físicas e emocionais e aprender a se curtir, a se fazer bem. E nesse caso, o "não fazer nada" pode ser um instrumento de ação potente.
Por que você não tenta colocar o celular em modo avião? Até desligar, se possível. Por que não fazer coisas que realmente nos fazem sentir bem, mesmo que sejam "improdutivas"? Ficar de pernas pra cima, comer algo que nos dê prazer, encontrar alguém amado no meio da rotina... as possibilidades são vastas.
Afinal, qual o seu critério de um dia bom? Um dia em que você conseguiu riscar um grande número de itens da sua lista de tarefas? Ou um dia em que você se sentiu realmente bem com você mesmo?