Terror psicológico da fome: o que ele revela sobre a nossa sociedade

Fome. Este substantivo tem uma força grande e diversa de significados. Ele é parte da natureza - se alimentar é uma necessidade física, que garante o funcionamento do corpo e o fornecimento de substâncias necessárias à sobrevivência das espécies, sejam elas humanas ou de todo o reino animal. No âmbito social, pode ser indicativa de várias desigualdades que excluem uma parte da população do acesso à comida.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a fome é definida como "uma sensação desconfortável ou dolorosa causada por energia insuficiente advinda da alimentação", como a privação de alimentos ou a ausência de ingestão de calorias suficientes. Essa negação da possibilidade de se alimentar gera processos de adoecimento físico e mental, decorrentes da insegurança alimentar.

O terror da fome

Não saber se será possível se alimentar ao longo do dia pode desencadear processos emocionais que deixam marcas para toda a vida. A perspectiva de passar fome - ou de ter o acesso a certos alimentos restrito - pode desencadear vários gatilhos e alterar a forma como o indivíduo se relaciona com o ato de comer. E esse processo está ligado não só a questões de ordem financeira. Pessoas que adotam dietas restritivas e longos períodos de jejum podem associar sentimentos punitivos no que diz respeito à comida, tornando-se propensas a desenvolverem transtornos alimentares.

O que diz a fome

A fome, enquanto sensação natural do corpo, quer nos falar algo. Ela diz quando o nosso corpo está precisando se alimentar e, em circunstâncias ideias, pode ser saciada com consciência. Existe um impulso biológico para comer e o nosso responde a ele de diversas formas, inclusive a partir de estímulos externos. Mas, na estrutura em que vivemos, com uma sociedade desigual financeiramente e também de glorificação de dietas restritivas, ela é naturalizada em lugar de sofrimento. Segurança alimentar é um direito de todos e a fome não deveria ser uma construção social imposta de forma a massacrar os indivíduos pela privação.