Fluxo da vida: importe-se com o que realmente vale a pena
Impermanência. Sempre encaro a morte como reflexão. E eis a minha de hoje. Perdi minha querida avó pela manhã. Foi um dia triste. Daqueles que a gente adia na mente. Pra não doer. Pra não sentir. Mas ele chega. Bom, e aí ficam só as lembranças, cheiro de casa de vó e bolo de laranja. Inclusive, minha Alzira fazia um como ninguém. Foi guerreira até o último minuto. Despediu-se com lucidez. Sentiu sua hora e aceitou. Com o olhar se despediu. Sem dor. Só com aceitação.
E me vem à mente, como é importante a gente aceitar as coisas que chegam em nossas vidas. Mas, mais importante ainda é a gente não se comparar com ninguém. Não gastar energia com padrões irreais que só geram sofrimento. Olhando meu pai enterrar uma mãe hoje, ele me disse: “É isso, minha filha. A vida é isso. E o mais triste é olhar pra mamãe agora e esperar um sorriso de volta, e perceber que não o terei mais.” E se a gente parar pra pensar, quando vivemos no modo automático, é como se a gente nem percebesse que os sorrisos estão ali. Só precisam ser despertados. Quanta vida tem aí, gente, vida grande. Todo dia é dia da gente se olhar. Fazer o bem. Agradecer. Sorrir. Não permitir que os baques nos tornem pessoas amargas.
Às vezes, tudo o que alguém precisa da gente é um gesto. Não perca seu tempo com pequenas preocupações. A gente que coloca o peso nos momentos e coisas. Procure sempre elogiar alguém no seu dia. Passe um dia sem reclamar. Preste atenção no que não está escrito. No que não é dito. Valorize os sorrisos com os olhos. O amor nas atitudes. Não perca seu tempo tentando burlar sua fome e sofrendo por isso. Tente viver com leveza. Aprenda com seus erros e mude no momento seguinte. Amanhã pode ser tarde demais. Seja guerreiro.
Assim como voinha foi. Aos 99 anos, deixou seu legado e uma saudade absurda. E tudo isso porque ela foi ela mesma. Sem tirar nem pôr. Ela simplesmente foi. Lute contra algo que você tem medo, todos os dias. Mate um dragão por vez. Não se cobre tanto. Abrace. Beije. Vão viver! Vamos! Aproveitem os sorrisos enquanto eles são recíprocos. Instantâneos. Somos impermanência. E ela bate. E tá tudo bem. E gente coloca na caixinha do peito.