Cuidado: a procura pela selfie perfeita não é saudável!
Sabe Narciso? O belo e atraente homem que, de tão obcecado por seu reflexo no rio, caiu na água afundando de fascinação por si mesmo. Na época de Narciso não tinha espelho, nem Instagram. Não tinha selfie. O que faria Narciso diante de uma câmera voltada para si mesmo? Ou melhor, o que fazem essas câmeras com nossos narcisos interiores?
Na história moderna de Narciso temos variações do mesmo problema do protagonista. O primeiro é que o espelho nos conta a verdade nua e crua dos nossos corpos, sendo, para alguns, a difícil constatação de que não são perfeitos. E para outros, o espelho é a segurança de que a sua imagem cabe no “padrão” e não pode deixar de estar encaixado - por nada.
Mas afinal, o que tudo isso tem a ver com as selfies?
Notem que as selfies, “disfarçada de espelho”, nos conta outra versão de nós mesmos. É a versão que queríamos que fosse verdadeira. Não se engane. As pessoas famosas do instagram também tiram 20 takes até achar a sua melhor pose. Pode ter certeza que eles também testam 20 tipos de filtros diferentes e também procuram a luz e a pose perfeita para finalmente escolher a melhor foto.
No final de todo esse processo que estamos nos acostumando a lidar, uma coisa é certa: acabamos nos distanciando daquilo que somos, nu e cru, nos afastando da possibilidade de nos amarmos inteiramente, tal como existimos. E nos apaixonamos seguindo a versão 4.0 do amor do menino-bonito pela água. Uma versão fake, ainda mais sem juízo.
Se o Narciso grego já era problemático, porque esbanjava arrogância e obsessão por si mesmo, em que nós nos transformamos? Pessoas demasiadamente inseguras, ansiosas para caber em padrões inalcançáveis reverberados por selfies alheias, e fascinadas por nossa imagem mal espelhada nos nossos próprios perfis.
Onde iremos parar?
O que esse fenômeno dirá do nosso futuro? Iremos descobrir. Será que afundaremos fascinados pelo nosso próprio reflexo? E se, assim como Narciso que, de tão ocupado de si, não enxergou o amor que havia a sua volta, estaremos condenados a perder o que há de bom e real que nos rodeia, enquanto seguimos obcecados por nossa imagem reluzente na tela do celular? E se esse futuro já começou? Façam suas apostas.
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