Comentários de familiares sobre o nosso corpo: hora de nos blindarmos

Estudos científicos de diferentes países comprovam o que grande parte de nós sentiu na pele desde muito cedo: os comentários de familiares sobre a nossa imagem, o nosso peso e o nosso corpo deixam marcas de dor e sofrimento que podemos levar por anos a fio, na adolescência e na vida adulta.

Relação entre corpo e infância

Quando somos crianças, somos vulneráveis e absorvemos tudo como uma esponja. Dependemos de cuidadores e de pessoas em quem aprendemos a confiar para praticamente tudo - desde cuidados básicos, como alimentação e higiene, até algo fundamental para nos desenvolvermos objetiva e subjetivamente: amor e carinho.

Falo aqui especialmente de familiares, mas podemos estender isso para outras pessoas com quem convivemos e em quem confiamos, como professores, vizinhos e colegas de escola. Às vezes, comentários inconvenientes até de desconhecidos fazem ecos difíceis de se dissiparem ao longo dos anos.

O impacto dos comentários sobre os corpos

Se absorvemos tudo como uma esponja, também estamos na idade mais delicada e propícia para o desenvolvimento de crenças que vamos levar adiante. E se ouvimos que não somos suficientes, que não somos capazes, que não somos o padrão socialmente desejado, passamos a acreditar nessas falácias como verdades absolutas.

É aí que a gente vai desabando aos poucos - achando nossos corpos feios, insuficientes, incapazes, indesejáveis. Com a autoestima detonada, acabamos adquirindo distúrbios alimentares e condições mentais que nos machucam o corpo e a alma.

O que mostram os estudos

A Academia Americana de Pediatria publicou em 2016 um estudo sobre o "weight talk", ou "conversas sobre peso". Esse termo abrange, sobretudo, os comentários de familiares sobre o corpo que aponte para a necessidade da perda de peso e da prática de dietas.

O texto diz que, ainda que “bem-intencionados”, esses comentários podem levar a comportamentos não saudáveis de perda de peso, maior prática de dietas restritivas, compulsão alimentar e redução de atividade física.

Sobre esse assunto, nunca é demais refletirmos e pormos em prática mudanças desde já. A educação, o bom senso e a revisão de antigas práticas podem ser ferramentas poderosas para mudarmos os discursos e minarmos os estigmas em torno do tema.