As marcas da gordofobia na infância

"Todos nós somos produtos da nossa infância". Esta é uma frase que representa um pouco da vida de crianças que lidam desde cedo com a gordofobia e a pressão estética desde a mais tenra idade. De forma sutil ou escancarada, as diversas frases e comentários causam um impacto grande para os pequenos ainda em formação.

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Como a gordofobia se esconde durante a infância?

Quando a gente é criança, aprendemos a se situar no mundo, a viver em sociedade, a se relacionar uns com os outros. É um período de aprendizagem constante e acelerada, mas também de muita fragilidade, vulnerabilidade e dependência.

O que ouvimos, ainda mais de pessoas que somos ensinados a confiar e respeitar (pais/cuidadores, professores, amigos, etc), molda grande parte de nossas crenças pessoais. Ainda mais quando são crueldades mascaradas de "cuidado" e que não passam de comentários gordofóbicos.

"Vai virar uma bola", "Olha as tetinhas dele", "Devia ser que nem teu primo", "Fecha a boca, menino".

Frases com estas escondem a gordofobia em sua forma mais pura e são capazes de instaurar dores com as quais podemos passar muitos anos convivendo. Dores que podem se desenvolver em quadros de saúde mental e emocional muito sérios, além de se transformarem em transtornos alimentares precoces. E é importante lembrar: transtornos alimentares não têm idade.

Criança e corpo: uma relação que pede atenção e cuidado

Uma pesquisa feita em Porto Alegre, em 2015, com crianças entre 7 e 11 anos, explicita esse quadro citado anteriormente. Mais de 75% das crianças entrevistadas disseram estar infelizes com o próprio corpo. 50% relataram que gostariam de ser mais magras. Isso reforçou a tese das pesquisadoras, comprovada antes com adolescentes, de que a imagem corporal pode ser um agravante no desenvolvimento de distúrbios psíquicos e físicos.

A autoestima, o empoderamento e o respeito à diversidade devem ser respeitados e estimulados nas crianças. Seus corpos e suas vivências não podem ser capturados pelas pressões estéticas que definem o que é aceitável ou não. Que neste mês dedicado às crianças mais pessoas adquiram essa consciência.