A inteligência artificial e a ilusão do controle e perfeição

A sociedade contemporânea é obcecada pela perfeição e pela imagem. Vivemos em uma era visual (e virtual), que é bombardeada por propagandas, fotos e vídeos nos meios de comunicação e nas redes sociais.

Com o avanço da tecnologia, para além do retrato da nossa aparência, podemos (e somos estimulados a) mudar nossos traços: filtros, photoshop, efeitos diversos e, agora, recursos de inteligência artificial que permitem que a pessoa crie avatares de si.

Ainda que alguns recursos possam ter nascido com intenção lúdica, o que vemos hoje é um estímulo à busca por perfeição, missão impossível de ser atingida pois a perfeição simplesmente não existe. Ela só se sustenta no discurso de que há um padrão que deve ser seguido. A perfeição não admite o diverso, o plural. E, portanto, é excludente. Foi feita para causar uma constante frustração.

Com a Inteligência Artificial, esse cenário se agrava: com simples comandos, é possível mudar completamente sua aparência. E isso tem aumentado a disforia de muita gente, que simplesmente não consegue se ver como é por lidar, o tempo todo, com projeções irreais. Os efeitos emocionais desse processo são muitos e geram sofrimento intenso. São, também, potenciais gatilhos para o desenvolvimento de transtornos alimentares como anorexia, bulimia, compulsão alimentar, entre outros.

Não quero, com esse blogpost, afirmar que as tecnologias e a Inteligência Artificial são inerentemente negativas. De forma alguma. Elas podem ser recursos poderosos para o aprendizado, para a ludicidade, entre outros. Também não é um problema que se queira brincar com as possibilidades dessas ferramentas, nem usar filtros etc. O problema está em utilizá-los como forma de padronização, de apagamento das individualidades. Nos afastar de nós mesmos, fazendo-nos acreditar que nossa beleza não é válida.

O que você acha sobre esse assunto? Acredita que há uma forma benéfica de utilizar as novas tecnologias, principalmente a Inteligência Artificial, sem comprometer a saúde mental e física dos usuários? Fica a reflexão.