A possibilidade de recomeço no tratamento dos TAs

Geralmente, quando se pensa em tratamentos de saúde física ou mental, imagina-se um caminho em linha reta: o diagnóstico, a receita do tratamento e, após o paciente segui-lo à risca, o fim dos problemas. Mas, como a gente vem falando sempre aqui, nada segue a mesma régua para todo mundo e, por isso, para muitos o caminho pode ser cheio de curvas, novas descobertas, frustrações e superações. Pensemos em alguém com transtorno alimentar e que, em tratamento, tem uma recaída.

Recomeços na relação com a alimentação

Para quem já está em estado de sofrimento com sua relação com a comida, ter recaída pode parecer como uma perda, um erro. Como se significasse que todo o esforço até então não valeu a pena. Esse tipo de pensamento é cruel pois desconsidera a luta empreendida até então, toda a disposição para se cuidar. É preciso lembrar que cada passo já é significativo, pois leva à direção à qual se quer chegar. E que recuar não diz respeito a falta de força de vontade ou fraqueza.

Processo no tratamento dos Transtornos Alimentares

Só quem está passando por um transtorno alimentar sabe como é difícil lidar com a questão. E, por isso, buscar ajuda é tão importante - porque é o primero passo. Os próximos têm que ser dado com cautela, atenção, acompanhamento. O corpo e a mente estão em constante processo de aprendizado e ressignificando nossas experiências. Nada acontece de forma instantânea e é preciso de cuidado com o emocional para que o processo seja o mais leve possível.

Recair não significa derrota

Em casos de recaída, a culpa não pode ser o parâmetro. Ao invés de se martirizar, é preciso tentar entender quais gatilhos, emoções ou comportamentos fizeram com que isso acontecesse. E como fazer para seguir e retomar o autocuidado? Isso só se descobre olhando para dentro, ouvindo seu corpo e seu emocional, e, mais ainda, se cercando de uma rede de apoio que inclui tanto parentes, amigos, afetos, quanto os profissionais da saúde que estão acompanhando o processo.

Caso sinta que pode estar próximo a uma recaída - ou mesmo quando isso aconteça - tente não entrar em processo de martírio emocional e físico. Anote o que sentiu, se escute, verbalize e compartilhe essas emoções para que uma nova etapa possa ocorrer. Reta ou com curvas, a jornada é só sua. Faça dela um processo gentil