Como a ideia de padrões corporais afeta a população LGBTQIA+ ?
"Eu não me sinto desejado. Acho que isso é o que mais dói". Essas aspas resumem o que escuto com frequência em consultas, especialmente, mas não exclusivamente, de homens gays.
Todos e todas somos afetados por padrões de corpo e beleza idealizados e inalcançáveis. São patamares, nos dizem, que se forem atingidos, enfim seremos plenos e felizes. Aquela mesma ladainha pra que a gente continue consumindo sem parar: produtos, imagens, serviços e ideias.
Com a população LGBTQIA+ a ideia dos padrões corporais casam com uma série de exigências feitas. Por que isso acontece?
O corpo LGTQIA+
Ser um corpo LGBTQIA+ no mundo vem acompanhado de doses cavalares de incerteza e insegurança, a depender dos ambientes em que essas pessoas crescem e se desenvolvem. Um sentimento de desajuste como um todo, que traz consigo uma série de cobranças e angústias.
Por ora, vou focar no homem gay, porque cada letra da sigla tem especificidades que não caberiam nos limites de um texto de Instagram.
Não é raro, por exemplo, uma pessoa nessas circunstâncias desenvolver distúrbios alimentares, como já ouvi em consultas, sob uma lógica bastante perversa: "Eu já sou gay, não posso ser gordo. Então tenho que tomar cuidado".
Como os padrões corporais afetam os corpos da população gay
Só que esse "cuidado" é sinônimo de "medo", e esse "medo" leva ao caminho da compulsão alimentar. Esse raciocínio embutido pelo preconceito desde cedo gera, em muitos casos, distúrbios que poderão ter consequências na saúde emocional do indivíduo por anos a fio.
Não são poucas as cobranças e autocobranças existentes. Além dos preconceitos e dificuldades de uma sociedade homofóbica, ainda existem a pressão pelo culto a um corpo "padrão" e padrões comportamentais (heteronormativos) dentro da própria população gay.
Cobrança e corpos gays
As bombas de cobranças e idealizações vêm de todos os lados: mídia, aplicativos de encontro, eventos sociais e até a pornografia que se consome. O sentimento de inadequação cresce. O desejo por ser "desejável" nesses moldes corrói a autoestima e a percepção sobre si.
Aceitação do corpo
Não existe solução fácil para isso. Mas te digo que entender essas dinâmicas é um passo importante para que se possa viver sem tanta pressão, com muito mais aceitação e amor por si mesmo e pelo próprio corpo.
A nutrição gentil e humanizada tem um papel fundamental nesta busca pela aceitação. Comida também é amor e amor cura!