Nunca nos vimos tanto: consumo da imagem de si e do outro nas redes
Você já parou para pensar que nunca produzimos e consumimos imagens como atualmente? Selfies, registros de paisagens, comidas, anúncios que chegam disfarçados de "estilos de vida", vendendo uma "felicidade" enlatada: tudo isso nas palmas das nossas mãos. Quase sempre sem perceber, somos invadidos pela sensação de que algo está errado, pois existe uma constante falta, seja ela material ou simbólica.
E para manter essa ilusão e o desejo pelo consumo, a publicidade parece sempre dizer que você pode ser feliz, basta que tenha certos bens e que reproduza uma determinada aparência. Nas redes sociais, somos estimulados a apresentar facetas unilaterais: estão todos bem, estáveis, padronizados. O que não é verdade. Às vezes, não está nada bem, mas nos sentimos isolados e envergonhados em assumir isso. Porque a felicidade tem sido compulsória, mesmo quando não estamos em um momento bom.
Temos que nos confrontar com nossas duas versões: a física e a online. Se para adultos esse contexto já é desafiador, para crianças se torna ainda mais invasivo. As novas gerações, que já crescem no ambiente hiperconectado, já estão lidando com problemas de autoimagem, de transtornos alimentares e emocionais, como mostra o impactante vídeo que ilustra esta postagem. Desconstruir a ilusão da perfeição é um passo importante. Somos multifacetados, complexos, frágeis, incoerentes, mutantes.
E, nesse cenário, o desafio é descobrir o que realmente ressoa dentro da gente, o que é a felicidade nos nossos termos. Porque, no final das contas, é isto: o que me faz feliz não necessariamente te completa, e vice-versa. Então, por que tentar se encaixar em modelos nos quais nossos sonhos e desejos não cabem?