Comportamento alimentar: preste atenção!

O seu comportamento alimentar é muito mais do que a simples escolha dos alimentos, tem a ver com suas emoções, seus hábitos, sua cultura e suas memórias da infância.

É importante refletir sobre isso porque a maioria das pessoas passam uma vida inteira valorizando dietas e especialistas que dão conselhos sobre o que comer, mas não prestam atenção no caminho que a própria mente e o próprio corpo estão indicando.

Neste texto, quero te mostrar que você precisa parar de ignorar o seu próprio corpo. Para isso, o primeiro passo pode ser notar o seu comportamento alimentar.

Hábito alimentar x Comportamento alimentar

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O conceito de hábito alimentar pode ser simplificado como um resumo do que você come no dia a dia. Ou seja, o hábito alimentar de cada pessoa é formado pelos principais alimentos que você ingere nas refeições.

Por exemplo, tem gente que come pão com ovos mexidos todos os dias pela manhã. Em boa parte dos dias, almoça arroz, feijão, farofa e carne. No lanche da tarde, comem bolo acompanhado de uma xícara de café. Para o jantar, uma sopinha. Ainda que em muitos dias a pessoa não coma exatamente igual, essa rotina se repete.

No entanto, o comportamento alimentar explica porque depois de dias estressantes no trabalho, uma pessoa queira uma fatia de bolo de chocolate bem grande. Talvez você já tenha ouvido falar na expressão “confort food”, ou seja, uma comida que pode representar acolhimento para você.  É importante mencionar que à vezes essas comidas disfarçam os sentimentos.

E você, já parou para pensar quais comidas te trazem conforto?

Outra possibilidade é perceber, no comportamento alimentar da família, o motivo pelo qual essa pessoa do exemplo gosta de comer sopa no jantar. Talvez porque tinha uma avó muito querida que preparava sopa de legumes e dizia que era importante para ela ficar forte. Isso mostra como as memórias são importantes para nossa alimentação. 

Para concluir, ressalto que a concepção de comportamento alimentar parte do princípio que o hábito natural de alimentar-se também está ligado aos aspectos culturais da sociedade e às emoções dos indivíduos.

Hoje já existe no campo da nutrição uma abordagem focada no comportamento alimentar que leva em consideração esses aspectos para melhorar a relação do paciente com os alimentos.

Agora, é hora de olhar para o seu comportamento alimentar! Esteja atento e busque não julgar, apenas perceba o que tem influenciado, por todos esses anos, o seu jeito de comer.

Perceba seu comportamento alimentar

Aqui, listei algumas perguntas que podem te fazer refletir sobre o seu comportamento alimentar e perceber a origem de alguns dos seus hábitos. 

  • Quais alimentos você prefere no dia a dia?

  • Você normalmente planeja sua alimentação?

  • Costuma fazer refeições fora de casa?

  • Gosta de cozinhar? Faz isso com frequência?

  • É você quem escolher o que comprar no mercado?

  • Quais são suas lembranças das refeições em família quando era pequena?

  • Costuma seguir nas redes sociais muitas pessoas que dão conselhos alimentares?

  • É comum que você faça algumas refeições enquanto faz outras atividades tipo usar o celular, trabalhar ou ver tv?

  • Quando se sente triste come alguma coisa para se sentir melhor?

  • Costuma fazer alguma refeição especial para comemorar? 

  • Quando está nervosa perde a fome ou come sem parar?

  • Prefere comer sozinha ou acompanhada?

Acho importante ressaltar que seu comportamento alimentar varia ao longo do tempo e também de acordo com cada situação. Isso porque a sociedade influencia no nosso modo de comer (entenda melhor nesse artigo). Por exemplo, se você estiver viajando vai se comportar diferente de como normalmente faz na sua casa.

Você já percebeu a relação das suas emoções com o que você come?

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O aspecto emocional é indissociável da alimentação. Quem nunca viu que uma mulher sente vontade de comer doce quando está no período de tensão pré-menstrual? Ou, que para comemorar, um brinde com champanhe é ideal? Também tem gente que diz que perde a fome quando está triste, e quem não consegue parar de comer quando está ansioso.

Isso também acontece com você? Que tal começar a observar? É comum que você tenha um comportamento alimentar ligado a algum tipo de emoção, mas nunca tenha reparado nisso. Afinal, fomos ensinados a olhar a comida apenas pela questão nutricional e não pela emocional, só que esses dois aspectos andam lado a lado.

É natural que situações que acontecem no nosso dia a dia nos provoquem emoções. No entanto, muita gente está no modo automático e não dá atenção devida para o que está sentindo.

Ao longo do tempo, a mente e o corpo criam outras saídas para dar vazão às emoções, e uma dessas soluções é “descontar na comida”. Há casos que se complicam e até se tornam transtornos alimentares.

É importante prestar atenção no comportamento alimentar porque ele pode indicar quando alguma coisa não está indo bem internamente.

Comida e conexão: como você se relaciona com os alimentos?

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Você já deve ter feito alguma refeição em frente à televisão ou enquanto rolava o feed das redes sociais. Talvez, se sua avó estivesse com você nesse momento ela diria para você que a refeição é um momento sagrado.

Independente da espiritualidade, é importante pensar que cada refeição é o momento de nutrir o corpo que nos sustenta 24 horas por dia. Comer é um hábito que estará conosco até o fim de nossas vidas, por isso acredito que é possível olhar com mais gentileza para nossa alimentação.

Almoçar enquanto trabalha, passar num fast food, lanchar no trânsito e comer no sofá assistindo tv. Tudo isso é muito comum nos dias de hoje. Infelizmente, toda essa correria diminui nossa conexão com a comida.

Normalmente a gente aproveita bem mais a refeição quando estamos com a família reunida ou pertinho dos amigos, não é mesmo?

Você já parou para pensar que muitas vezes come na correria e nem sente o sabor dos alimentos e dos temperos? Pois é. É comum esquecer que a refeição teve uma longa história até chegar no seu prato.

É possível que seus ancestrais colaboraram para comidas típicas da sua região, por exemplo. Além disso, o que você come passou pela mão de produtores, entregadores, vendedores e cozinheiros. No entanto, tudo isso acaba dentro de alguns minutos, não é mesmo? Resta, então, que você aproveite para se conectar com cada refeição enquanto come

Tenha atenção plena na hora de cada refeição

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Em 2019 ouvimos muito falar sobre mindful eating. Na verdade, essa prática vem do mindfulness, traduzido como “atenção plena”, que é um conjunto de técnicas voltadas para autorregulação da atenção no momento presente. Assim, mindful eating é um jeito de ter atenção plena quando se está comendo.

Inspirada pelo mindful eating, quero propor um exercício para você. Afinal, com atenção fica mais fácil valorizar a refeição e perceber os sabores que estão presentes naquele momento. Vamos lá?

A ideia é seguir um roteiro simples diante do alimento. Você pode começar o experimento com um tomate cereja, por exemplo:

  • Olhe para o tomate! Perceba a cor, o tamanho e a textura.

  • Sinta o cheiro!

  • Quando colocar na boca, perceba sua textura lisa.

  • Se você colocou sal envolta, sinta na região da língua onde mais se destaca. 

  • Avalie a temperatura também.

  • Ao morder, preste atenção nos dentes rompendo a casca.

  • Sinta a explosão na boca.

  • Perceba que se tornou um alimento mais suculento.

Se gostar da experiência, procure aplicar esse passo a passo nas outras refeições, a cada garfada. Aos poucos você vai se conectar melhor com a sua alimentação e com a verdadeira saciedade. Claro que o objetivo de tudo isso é que você fique mais consciente do seu comportamento alimentar e se conecte com quem verdadeiramente pode te guiar: seu corpo.

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Comida & EmoçãoEllen Cocino